Medici Assessoria
Doping no esporte

O uso de diversas substâncias para obtenção de melhor rendimento físico é muito antigo. Os sumérios, considerados a civilização mais antiga da humanidade, utilizavam o ópio extraído do látex, obtido da Papoula somniferum a 3000 a.C.
Na China, por volta de 2737 a.C., mastigavam-se algumas plantas como a éfedra (efedrina), a machuang (alcaloide) e a mandrágora (afrodisíaca), a fim de obter efeitos estimulantes. Os árabes, em 1000 a.C., utilizavam plantas como Cannabis sativa (maconha), haxixe (produzida também da Cannabis sativa, mas que produz efeitos mais fortes que a maconha), a catina (Cathaedulis – utilizada na extração de dextronorisoefedrina) e o ginseng.
Nos Jogos Olímpicos antigos da Grécia, em 300 a.C., os maratonistas extraíam os alucinógenos de cogumelos por sua cocção.
O surgimento do termo doping como conhecemos atualmente se deu na Europa no século XVI com a associação de cafeína com outras substâncias como éter ou nitroglicerina. Daí o termo “bomba” a nitroglicerina tem efeito vasodilatador e foi amplamente utilizada por atletas de endurance como ciclistas no final do século XIX e começo do século XX.
A busca pelo alto rendimento por atletas e esportistas cria expectativas de que para atingir o máximo de desempenho é necessário a utilização de meios e métodos artificiais, neste sentindo especialistas e entidades envolvidas com o esporte estão cada vez mais atentos ao doping.
Segundo Birzniece V. “Doping no esporte é um problema generalizado, e não apenas entre os atletas de elite, mas sobretudo em desportos recreativos. Na literatura científica, grande ênfase é colocada sobre a detecção de doping, ao passo que os efeitos prejudiciais de agentes dopantes sobre a saúde do atleta são raramente discutidos.
Muitas das substâncias enquadradas na lei antidoping são utilizadas na clínica médica com fins terapêuticos, o que torna a sua venda e aquisição facilitada. A exemplo dos glicocorticoides que podem ser prescritos como forma de tratamento de processos inflamatórios como uma dor de dente (por exemplo).
Pela lei antidoping qualquer tratamento deve ser comunicado previamente as entidades competentes, para que sim o atleta possa seguir no esporte com saúde. A não comunicação faz com que o atleta possa ser enquadrado na lei antidoping.
É fundamental que todo profissional envolvido com o esporte como médicos, profissionais de educação física e nutricionistas conheçam e estejam atentos a lista de substâncias dopantes para evitar prejuízos a saúde dos atletas / esportistas.
Para quem quiser se aprofundar nesta temática:
O capitulo 9 “Aspectos históricos do doping e o doping genético: tendência ou realidade?” do meu livro Nutrição e suplementação esportiva: aspectos metabólicos, fitoterápicos e da nutrigenômica, publicado pela editora Phorte, trata a este respeito e traz uma das grandes preocupações atuais que é o doping genético e como as entidades buscam evitar não só que aconteça, mas os riscos envolvidos a saúde dos atletas.
A WADA (Agência Mundial Antidoping) mantem sempre atualizado a lista de substâncias proibidas, é possível ter acesso a lista mais atual através do link https://www.wada-ama.org/sites/default/files/resources/files/prohibited_list_2021_portuguese_0.pdf
Referência citada neste texto
Birzniece V. Doping in sport: effects, harm and misconceptions. Intern Med J. 5 Nov. 2014.
Fábio Medici Lorenzeti,
Diretor e treinador na Medici Assessoria Esportiva.
Mestre em Ciências (EEFE-USP, Lab. de nutrição e metabolismo aplicado a atividade motora)
Professor Adjunto Universidade Módulo
Autor dos livros: Nutrição e Suplementação Esportiva: aspectos metabólicos, fitoterápicos e da nutrigenômica (2015, Phorte); Exercício, Emagrecimento e Intensidade de Treinamento: aspectos fisiológicos e metodológicos (2013/2ª ed., Phorte); Biologia e Bioquímica: Bases aplicadas às ciências da saúde (2011, Phorte). Além de outros trabalhos científicos nacionais e internacionais.
